Era a noite do dia do Conselho de Waterdeep. Vocês foram para o estabelecimento que estão abrindo na cidade. Apesar do horário, há muito coisa para ser arrumada, são os retoques finais, afinal, dali há três dias ela abrirá para o público. Atualmente só tem recebido vocês e convidados, como é o caso de hoje.
Os primeiros a chegarem na taverna foram os monges Leosin e Tina. Vieram conhecer o ambiente. Tirar um pouco da tensão que o Culto tem distribuído por toda Faerûn.
Após as boas vindas Leosin apresenta Tina, sua sobrinha. Ela está em treinamento no mosteiro de Leosin. Ele pensa em futuramente enviá-la para Baldur’s Gate para terminar seu treinamento lá. Mas antes, como irá trabalhar na estalagem, Kurodo tratou de levá-la pelos vários locais para que pudesse se familiarizar. Leosin também, aproveitando a oportunidade, indicou uma boa loja para que Kurodo adquirisse um laúde para si e aproveitou para tocar o instrumento de Leosin.
Alguns minutos depois chega Onthar Frume, paladino de Thorm, bastante conhecido de vocês. Um homem alto, gordo e ruivo que adora falar alto, beber e jogar queda de braço. Ele fica procurando Ashtor pra logo apostarem, testarem suas forças e dar boas gargalhadas.
Passaram-se mais dois dias, a taverna do Cervo Saltitante inaugurou, e chegou o momento de irem para o Palácio dos Lordes, haveria uma reunião antes do Ritual.
Quando chegaram no palácio todos estavam reunidos. Dessa vez Taern estava em uma posição mais à frente dos aventureiros e Lady Laeral iniciou a reunião dando a condução para o Alto Mago. Ele começou a falar:
– Um dos grandes problemas dessa magia é a velocidade do envelhecimento. Dependendo de quantas dobras no tempo realizaremos essa é a velocidade com que a sua vida percorrerá, afinal vocês viveriam em vários momentos ao mesmo tempo. Então, caso vocês tenham 50 anos de vida restantes e dobremos o tempo cinco vezes, vocês teriam somente 10 anos. Além disso, um outro efeito colateral que pode ocorrer é em relação à mente de vocês, já que todas as suas cópias saberão tudo o que ocorre com outra cópia, como se fossem uma mente coletiva, mas o que eu considero o pior efeito é em relação aos ferimentos: todas as cópias parecem ser atingidas pelas lesões recebidas.
– Enfim, vocês estão aqui por terem grande poder e resiliência para enfrentar o mal do culto do dragão. Vamos começar com o ritual? Essa magia foi realizada há muito tempo atrás, criada por um bruxo chamado Manfredini Russo e consegui esse pergaminho com a magia imbuída há alguns anos de mercadores que passavam por Lua Argêntea, de onde venho e quem represento neste conselho.
– Teremos todo o tempo, mas o tempo não é infinito. Vocês já sabem quantas dobras daremos no tempo?
Os heróis resolveram dobrar o tempo em três. Cada cópia seguiria para o Conselho dos Dragões Metálicos, Torre Xonthal e Mar de Gelo em Movimento.
Chegou o momento de realizar a magia que possibilitaria aos aventureiros estar em vários lugares ao mesmo tempo. O grupo foi conduzido para um amplo salão, acompanhado apenas do mago.
O local estava pouquíssimo iluminado. A sala tinha algumas portas, além das que vocês entraram e cinco cadeiras posicionadas à frente de um pano cinza com um corte no centro, como se fosse uma cortina em uma peça de teatro.
Taern se encarregou de indicar o local em que eles deveriam sentar e novamente perguntou se todos estavam certos de realizarem aquilo, lembrando que era por uma boa causa, afinal ficariam vários passos à frente dos cultistas e, dessa maneira, poderiam impedir que o objetivo daquela seita fosse realizado: trazer Tiamat de volta de Avernus, primeira camada dos Nove Infernos de Baathor.
De dentro de seu robe puxou um antigo pergaminho e pediu para que Fharion ficasse ao seu lado e disse:
– Fharion, por favor, queira me auxiliar no ritual lendo o que está contido no pergaminho? Peço que leia em silêncio e decore a magia, as luzes serão totalmente apagadas. Rogo para que esteja bem concentrado, assim como todos aqui presentes. Vamos Começar.
Fharion começou a entoar:
“Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo
Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder
Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E selvagem! Selvagem!
Selvagem!
Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos
Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora…”
Quando Fharion começa a recitar o que está escrito no pergaminho, as luzes se apagam. Um a um os aventureiros sentem alguém lhes pegando pelo braço e lhes conduzindo para a frente, na direção da cortina cinza.
Ao atravessá-la uma súbita confusão toma conta de vocês. Uma tontura, até mesmo uma tristeza, enquanto vocês seguem sendo conduzidos até uma das salas. Vocês são orientados a permanecer de olhos fechados.
O último a passar foi Fharion que até notou Taern um pouco diferente, tenso, preocupado e então, depois que todos passaram, a voz de Taern ecoou pelas salas em uníssono:
“O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Abram os olhos!”
Quando eles abriram os olhos a confusão foi maior! Os heróis se encontram em uma sala, menor, com a mesma quantidade de cadeiras e diante de Taern. O problema é que parecia que eles estavam vendo através dos olhos de uma aranha. A consciência parece ter se ampliado a um nível nunca antes alcançado.
Todos não aguentaram por muito tempo os efeitos daquela dobra temporal. Yulla ficou completamente surdo; Rebelk pareceu desenvolver TOC, queria lavar as mãos, orar, repetir uma série de atividades; Ashtor sabia quem ele era, mas não reconhecia os seus companheiros, apenas sabia que não eram inimigos; Kurodo caiu inconsciente na cadeira; e Fharion desenvolveu uma paranoia de que o estavam perseguindo, de que o mal espreitava muito próximo.
Aí vocês se dão conta de que estão em locais diferentes. O tempo foi dobrado. Vocês vão se dando conta de que é possível estar em mais de um lugar ao mesmo tempo.
Taern achou melhor que vocês descansassem, afinal a carga mental e emocional envolvida no ritual foi tamanha que pode ter ocasionado tais efeitos.
No outro dia Taern voltou com os aventureiros com um mapa de Faerûn para traçar os próximos passos. Durante esse período, desde o ritual, em dois momentos todos tiveram uma visão de si mesmos em outro local, em uma planície desértica à frente, um medo que entranhava em todos e um distanciamento estranho, como se a distância impedisse que a consciência viajasse de modo satisfatório.
Taern, um pouco abatido, revelou que parece que a magia possa ter dado errado, criado uma cópia extra do grupo, mas que não saberia dizer onde estavam.
Depois, explicou os possíveis caminhos que deveriam seguir.
Um grupo foi até o pátio, onde um dragão de prata colossal estava.
Na verdade era Elia, preparada para levar os aventureiros até o Conselho dos Dragões Metálicos. Subiram em suas costas e foram levados para as Montanhas Nebulosas. Pelo caminho era possível ver a destruição em várias pequenas vilas, causadas pelo Culto do Dragão.
Ao chegar nas Montanhas Nebulosas, em uma viagem que não chegou a durar meio dia, logo viram vários outros dragões metálicos voando em suas direções e pousando em certos pontos nas montanhas imensas. Aquele Conselho estava prestes a começar.
Os outros dois grupos entraram pelo portal da área arcana do Palácio dos Lordes, de lá um grupo seguiu para o norte, até Luskan com seu frio absurdo e outro foram para um portal localizado nas Montanhas dos Picos Cinzentos e de lá viajariam para Torre Xonthal.
Conforme desceram as Montanhas visualizaram uma pequena cidade à frente, quando já dentro da cidade vislumbraram à frente uma espécie de bosque e no meio dele uma Torre com um dragão azul descansando lá em cima.
Nesse momento enviaram uma mensagem para Iskander: “Entendemos sua urgência, porém demoraremos dois dias para chegar. Por favor, tome cuidado.”
Mas, antes de invadir a Torre, resolveram entrar na taverna do Barril Vermelho, onde o dono era um halfling bastante cordial, descansar, comer e beber, e descobrir um pouco mais sobre Xonthal para seguir até lá.
Conversando com o taverneiro descobriram que a Torre Xonthal é lendária entre os magos e feiticeiros de toda Faerûn por conta de suas defesas mágicas, inclusive o bosque que viram ao redor da Torre na verdade é um labirinto mágico. Ao longo dos anos Xonthal viajou por toda Faerûn e acumulou bastante conhecimento mágico e parece ter aplicado tudo ali. Sobre o dragão, por exemplo, não sabia dizer se era real ou apenas uma ilusão. Muitos viajantes iam até ali por conta da Torre, mas poucos entravam no labirinto, por conta dos perigos que rondavam por ali, inclusive até mesmo aves e outros animais evitavam o local.
Então, resolveram descansar, enquanto Kurodo tocava seu alaúde para os presentes. O que mais aguarda os aventureiros que estão em várias linhas temporais ao mesmo tempo?
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